Quando eu comecei. Ou melhor, quando eu comecei? Vejo histórias de vários estilistas e diretores criativos que contam que desde crianças eles se viam criando ou mexendo com roupas e objetos. O meu caminho foi diferente. Eu sempre observei demais as coisas. Achava que tudo tinha um motivo e sempre senti demais. Antes eu escrevia bastante. Textos e textos de vários momentos que eu jurei que transformaria em livro um dia. A Neriage me mostrou um outro caminho: eu escrevi contando histórias através de movimentos e percepções. Não só minhas, mas de pessoas a minha volta. É por isso que as últimas coleções se chamam “Ensaio sobre nós” e “Trilha”. Na verdade são caminhos, as pessoas envolvidas são o resultado - e o que podemos transmitir a elas. Já me perguntaram como é meu processo de criação. Eu penso, antes de tudo, no sentimento que a pessoa vai ter ao ver determinada imagem. Como ela vai se sentir fazendo parte daquela imagem. Acho que nunca falei muito sobre isso aqui, mas julguei importante contar sobre como nós, estilistas, somos destinados à nossa criação assim como ela é destinada a nós.